Módulo 2 - Aula 24 - Equilíbrio Químico

quinta-feira, 30 de abril de 2020

Módulo 3 - Aula 49 - Polímeros

Polímeros são macromoléculas (moléculas gigantes) que apresentam unidades estruturais que se repetem regularmente. As moléculas que reagem para formar os polímeros são denominadas monômeros.
nA                      (A)n
monômero      polímero

Propriedades Físico-Químicas dos Polímeros
Eles possuem propriedades diferentes dos monômeros que os constituem. As características mais importantes são:
 -Não são atacados por ácidos, bases ou agentes atmosféricos;
-Suportam ruptura e desgaste;
-Possuem alta resistência elétrica e baixa densidade (em geral entre 0,9 g/cm³ e 1,5 g/cm³);

 -Quanto à temperatura, reagem de forma variável.

CLASSIFICAÇÃO DOS POLÍMEROS
Quanto à ocorrência
Naturais: São polímeros que já existem, normalmente, na natureza. Entre os mais importantes, estão os carboidratos (celulose, amido, glicogênio, etc.), as proteínas (existentes em todos os seres vivos) e os ácidos nucleicos (existentes no núcleo das células vivas e responsáveis pelas características genéticas dos seres vivos).
Sintéticos: São polímeros fabricados pelo homem a partir de moléculas simples. Entre eles, estão o náilon, o polietileno, o PVC, etc.

Quanto à natureza da cadeia
Polímero de cadeia homogênea: São polímeros que, no esqueleto da cadeia, apresentam apenas átomos de carbono.

Polímero de cadeia heterogênea: São polímeros que, no esqueleto da cadeia, apresentam átomos diferentes do átomo de carbono (heteroátomos).

Quanto à estrutura final do polímero
Polímero linear: Nesse tipo de polímero, a macromolécula é formada por um encadeamento linear de átomos.
Exemplo: Polietileno
Mesmo que a cadeia apresente ramificações (desde que a ramificação não ligue uma cadeia à outra vizinha), o polímero continua sendo considerado linear.

Exemplo: Borracha sintética (neopreno)
Os polímeros lineares dão origem a materiais termoplásticos, isto é, plásticos que podem ser amolecidos pelo calor inúmeras vezes e, ao resfriarem, voltam a apresentar as mesmas propriedades iniciais.


Polímeros ramificados: possuem pequenos ramos ligados à cadeia principal do polímero. Falando de forma figurada, seria como pequenas linhas amarradas à cadeia principal, neste caso, ao longo do comprimento da corda.
Polímeros de ligação cruzada: este é o tipo mais complexo, imagine pegar as cordas e fazer uma rede com elas. A ligação cruzada é formada por cadeias individuais de polímeros ligadas por correntes laterais. Veja como seria esta estrutura:
Polímero tridimensional: Nesse tipo de polímero, a macromolécula se desenvolve em todas as direções, isto é, há ligações entre cadeias adjacentes por meio de átomos localizados ao longo da cadeia. Esses polímeros dão origem a materiais termofixos ou a materiais termoendurecentes. No primeiro caso, pelo menos a última fase de produção da macromolécula deve ser feita simultaneamente com a modelagem do objeto desejado, pois, uma vez prontos, esses polímeros não podem ser novamente amolecidos pelo calor (um aquecimento excessivo causa a decomposição até a queima do material, mas nunca seu amolecimento). Consequentemente, esses polímeros não podem ser reaproveitados industrialmente na moldagem de novos objetos. Os polímeros termoendurecentes, quando prontos, só podem ser fundidos uma vez, pois, durante a fusão, as moléculas reagem entre si, aumentando a massa molecular do polímero e este, endurecendo, torna-se insolúvel e infusível.

Quanto a fusibilidade, os polímeros sintéticos, podem ser classificados em:
Termoplásticos (podem ser fundidos por aquecimento e solidificados por resfriamento) e termorrígidos (infusíveis e insolúveis, não permitem reprocessamento). Os termoplásticos, de acordo com sua durabilidade e desempenho podem ser convencionais ou de engenharia. Os termoplásticos de engenharia apresentam melhores propriedades térmicas e mecânicas que os convencionais, além de possuírem um maior custo.
São exemplos de Química POLÍMEROS Identificação de polímeros termoplásticos de engenharia, o policarbonato – PC (utilizados na fabricação de CD, janelas de aeronaves e ginásios de esportes) e as poliamidas – Nylons (usados em engrenagens plásticas, tecidos impermeáveis etc).
Os termoplásticos convencionais são encontrados principalmente nas embalagens plásticas como garrafas, copos descartáveis, potes, sacos plásticos etc.


Classificação quanto ao processo de preparação
       a) Polímeros de adição: monômeros idênticos.
       b) Copolímeros: monômeros diferentes.
    c) Polímeros de condensação: São polímeros cuja formação dá-se com a retirada de moléculas de pequena massa molecular.

POLÍMEROS DE ADIÇÃO (POLIADIÇÃO)
As reações de poliadição ocorrem, geralmente, com monômeros olefínicos (compostos que contêm ligação dupla), em que uma unidade se adiciona à outra, até formar uma macromolécula.
Se o polímero for constituído de um só monômero, ele será denominado homopolímero e, se for constituído de mais de um monômero, copolímero.

EXEMPLOS DE POLÍMEROS

POLÍMEROS DE CONDENSAÇÃO
Esses polímeros são formados, geralmente, pela reação entre dois monômeros diferentes, com a eliminação de moléculas pequenas — por exemplo, água. Nesse tipo de polimerização, os monômeros não precisam apresentar duplas ligações entre carbonos, mas é necessária a existência de dois tipos de grupos funcionais diferentes.
Exemplos:

- Polímeros de rearranjo: Nesse caso, um ou mais monômeros sofrem rearranjo em suas estruturas à medida que ocorre a reação de polimerização.
Exemplo: Poliuretano

Os polímeros sintéticos ou artificiais são chamados de plásticos e em sua fabricação usam-se calor e pressão para que adquiram forma.
Além disso, tanto os polímeros naturais como os artificiais podem ser classificados em termoplásticos (seu formato pode ser modificado) e termorrígidos ou termofixos (sua estrutura tridimensional é rígida com ligações cruzadas, logo seu formato não pode ser modificado).
Copolímeros
Os copolímeros nada mais são do que polímeros de adição compostos por monômeros diferenciados, como já vimos anteriormente. Essa formação pode ocorrer tanto de modo regular como irregular.
Os diferentes monômeros se dispõem na formação dos copolímeros de diferentes formas: em blocos, intercaladamente (com um monômero de um tipo; em seguida, um monômero de outro tipo e por aí vai) ou até mesmo de modo totalmente aleatório, em que a disposição dos diferentes monômeros ocorre como que ao acaso. Tais mudanças, por mais que não pareçam importantes, são fundamentais para a definição das propriedades finais do polímero.
Os diferentes tipos de copolímeros
Alguns copolímeros são:
• Saran
O saran é um copolímero formado por 1,1-dicloroeteno e cloroetano (ou seja, coreto de vinila). Ele está entre os mais resistentes polímeros, uma vez que é capaz de resistir até mesmo a solventes do tipo orgânicos e alguns agentes da atmosfera. Não à toa, é utilizado para a confecção de folhas para invólucros de alimentos e para tubos plásticos no interior de automóveis.
• Buna-N
O copolímero Buna-N, também conhecido como perbunam, é obtido pela combinação entre 1,3-butadieno e acrilonitrila.
Este copolímero é um tipo de borracha sintética, sendo ela extremamente resistente a óleos de origem mineral. Ele é utilizado na confecção de tubos que conduzem óleos deste tipo (como os lubrificantes, por exemplo) para automóveis, equipamentos, máquinas e outros neste sentido. Essa borracha também é encontrada para o revestimento de tanques de combustível, composição de mangueiras e gaxetas.
• Buna-S
Já a borracha buna-S, conhecida popularmente também pelos nomes ‘Borracha SBR’ ou ‘Borracha GRS’ é formada pela combinação entre 1,3-butadieno e estireno, tendo ainda o sódio metálico como uma espécie de catalisador.
Esse tipo de borracha é o melhor quando o assunto é resistência a atritos. Não à toa, ela é utilizada para a composição de bandas de rodagens de pneus, para isolamento de fios elétricos e para composição de artefatos de modo geral.
• Poliuretana
Por fim, a poliuretana é formada a partir da combinação entre etilenoglicol (ou seja, 1,2-etanodiol) e disocianato de parafenileno.
A resistência deste tipo de copolímero é ao calor e à abrasão. Não à toa, ele é utilizado para a fabricação de interiores de roupas (permitindo o isolamento do revestimento das peças), aparece em pranchas de surf e na composição de aglutinantes para combustíveis especiais, como de foguetes, por exemplo.

A versatilidade é uma das principais características deste tipo de copolímero. Quando ele é exposto ao calor (pela injeção de gases em laboratórios específicos), há a formação de uma espuma. A dureza desta espuma, por sua vez, pode ser controlada de acordo com o tipo de utilização que o poliuretano ganhará.

Plásticos
Durante a evolução do homem, muitos materiais foram desenvolvidos para facilitar a vida e o dia a dia das pessoas, e os plásticos são hoje uma classe de materiais extremamente importante. Estima-se que a produção de plásticos seja de mais de 200 milhões de toneladas ao ano e isso se deve principalmente ao baixo custo de produção e a durabilidade que os plásticos tem em comparação com outros tipos de materiais.
A alta durabilidade dos plásticos é uma via de mão dupla. Apesar de torna-los interessantes para comercialização, também oferecem um impacto grande no meio ambiente, pois quando não são descartados de maneira correta, demoram centenas de anos para se degradarem, além de causar entupimentos em redes de esgotos e rios, o que contribui para enchentes.


Propriedades Gerais dos Plásticos
·         baixo peso específico (leveza)
·         baixa condutibilidade elétrica e térmica
·         resistência mecânica aceitável, porém menor que a dos metais
·          boa apresentação
·          porosidade
·         resistência a corrosão
·         baixo ponto de fusão quando comparados aos metais e facilidade de moldagem e usinagem

·         combustibilidade

Nem todo polímero é plástico
Como nós vimos os polímeros são macromoléculas, sendo assim, possuem uma grande massa molecular entre 104 e 106 u. Mas não para por aí!! Os polímeros não necessariamente serão plásticos viu?
Na verdade o primeiro polímero puramente sintético surgiu somente em 1907. Sabe qual foi? A baquelite!! Um polímero de condensação que fez muito sucesso após sua descoberta e é utilizado na produção de discos musicais, cabos de panelas, telefones, tomadas, interruptores, câmeras fotográficas, peças de automóveis, produção de algumas ferramentas, dentre outros.
Mas antes dos sintéticos sempre existiram os polímeros naturais, como a celulose, o componente mais abundante da parede celular, o amido, um carboidrato presente em grandes quantidades nos vegetais, DNA, teia de aranha dentre vários outros.
Polímeros: lixo
A utilização desses polímeros sintéticos, produz lixo! Esse é um grande problema enfrentado, pois a grande maioria dos plásticos não são biodegradáveis. Desta forma, a poluição do meio ambiente ocorre a longo prazo, uma vez que permanecem milhões de anos sob condições adversas sem se degradar.

quarta-feira, 29 de abril de 2020

Módulo 3 - Aula 48 - Reações de oxidação e reações de substituição

Reações de oxidação são aquelas que envolvem aumento no estado de oxidação (NOx) dos átomos presentes em uma molécula ou um composto. Em outras palavras, uma espécie oxida quando perde elétrons. Assim, a oxidação necessariamente será acompanhada por uma redução, ou seja, haverá outra espécie que ganhará elétrons.
A origem da palavra oxidação refere-se ao aumento do teor de oxigênio. Atualmente, o termo é muito mais amplo e envolve perda de elétrons, independentemente da presença de oxigênio. Ainda assim, para processos orgânicos classificados como reações de oxidação, iremos considerar aqueles nos quais uma substância orgânica (denominada redutora) reage com uma substância inorgânica (denominada oxidante). Haverá, então, aumento do número de átomos de oxigênio ou diminuição do número de átomos de hidrogênio no composto orgânico em questão.
As substâncias inorgânicas mais frequentemente usadas como oxidantes são: permanganato de potássio (KMnO4), dicromato de potássio (K2Cr2O7), ozônio (O3) e oxigênio molecular (O2).  
Diversos processos de oxidação de compostos orgânicos nos acompanham a todos os instantes. O dicromato de potássio, juntamente com o ácido sulfúrico (solução alaranjada), constitui a solução presente no bafômetro, que, ao reagir com o álcool presente nos pulmões após a ingestão de bebidas alcoólicas, formará uma solução verde. Esta, por sua vez, permitirá identificar o teor de álcool no organismo da pessoa que fez o teste. Isso nada mais é que a oxidação das moléculas de álcool.
A cerveja é, geralmente, comercializada em garrafas de vidro escuro ou em latas, para evitar a oxidação do etanol a ácido acético, uma reação acelerada pela luz. Atualmente, pode-se encontrar essa bebida em garrafas de vidro transparente, pois o álcool etílico está protegido por uma substância antioxidante.
Os antioxidantes atuam ligando-se a átomos de oxigênio (radicais livres), impedindo-os de atacarem as moléculas de DNA e de membranas celulares. A vitamina E, excelente antioxidante, quando ingerida na dose média de 40 mg por dia, dificulta o aparecimento do câncer de próstata. Outras substâncias, como polifenóis presentes nos chás verde e preto, são importantes na prevenção do câncer de mama, estômago, pulmão, pele e outros, além de prevenirem queimaduras de pele.
JORNAL CORREIO BRAZILIENSE, 02 abr. 1998 (Adaptação)

OXIDAÇÃO EM ÁLCOOIS
A oxidação de álcoois é conhecida desde a antiguidade. O vinho, por exemplo, pode se transformar em vinagre pela ação do oxigênio do ar atmosférico. É por isso que em adegas, as garrafas de vinho são colocadas inclinadas, para que a rolha fique constantemente úmida. Isso dificultará a entrada de ar atmosférico. Contudo, esse processo é lento e pode ser ainda mais retardado pela presença de antioxidantes.
Em alguns casos, essa reação é desejada e pode ser induzida pela presença de agentes oxidantes fortes, tais como KMnO4 ou K2Cr2O7 em meio ácido, originando compostos carbonílicos e / ou carboxílicos. No entanto, apenas álcoois primários e secundários podem ser oxidados nas condições descritas.

Álcoois primários
A oxidação envolve a remoção de um hidrogênio do carbono que contém a hidroxila e a formação de uma carbonila; logo, há produção de um aldeído.

Como os agentes oxidantes empregados são fortes, dificilmente a reação para nessa etapa. Observe que o composto resultante ainda apresenta um hidrogênio no carbono que agora contém a carbonila e, assim, pode haver uma nova oxidação com formação de uma hidroxila.
Álcoois secundários
Assim como na oxidação de álcoois primários, a oxidação de álcoois secundários envolve a remoção de um hidrogênio do carbono que contém a hidroxila e a formação de uma carbonila. Entretanto, nesse caso, haverá produção de uma cetona.
Como não há hidrogênios ligados ao carbono carbonílico, não é possível uma oxidação posterior, portanto, o produto da oxidação de álcoois secundários serão exclusivamente cetonas.

Álcoois terciários
Álcoois terciários não apresentam hidrogênio ligado ao carbono que contém a hidroxila, logo, não é possível, por métodos discutidos aqui, produzir carbonila. Isso implica dizer que álcoois terciários não reagem com KMnO4 ou com K2Cr2O7, em meio ácido.
OXIDAÇÃO EM ALQUENOS
Os alquenos sofrem muitas reações em que os carbonos formadores da dupla-ligação são oxidados. Para tal, o alqueno é colocado para reagir com um agente oxidante e pode ocorrer de três formas: oxidação branda, oxidação enérgica e ozonólize.

Oxidação branda
Os alquenos se convertem em dióis (álcoois que apresentam dois grupos hidroxilas) por vários métodos. Nesse caso, a reação de oxidação consiste apenas na ruptura da ligação π e é denominada oxidação branda. Uma forma bastante comum de se fazer essa reação consiste em reagir o alqueno com permanganato de potássio em meio neutro ou ligeiramente básico, a frio (o termo a frio significa apenas que o sistema não foi aquecido).
Essas condições brandas são essenciais para impedir a subsequente oxidação do diol.
Além de ser um importante método de síntese dos 1,2-dióis (álcoois que apresentam dois grupos hidroxilas em carbonos adjacentes), a reação entre alquenos e KMnO4 constitui um importante método para caracterizar alquenos. Assim como no teste de bromo (discutido no estudo sobre reações de adição), essa reação é marcada pela mudança de cor, porém, nesse caso, de púrpura (característica da solução de KMnO4) para incolor (os dióis são incolores) e pela formação de um precipitado castanho de MnO2
Esse teste é conhecido como Teste de Baeyer, em homenagem ao químico alemão Adolf Von Baeyer.
Outro exemplo de oxidação branda é mostrado a seguir. Note que as ligações duplas presentes no anel aromático não sofrem modificações.
Oxidação Enérgica
A oxidação de alquenos também pode ser feita utilizando-se KMnO4 aquecido e em meio ácido. Nesse caso, a oxidação é conhecida como oxidação enérgica e haverá clivagem da ligação dupla carbono-carbono. Dependendo da posição da ligação dupla, poderão ser produzidos ácidos carboxílicos, cetonas e até gás carbônico. O KMnO4 pode ser substituído por K2Cr2O7 também em meio ácido.
Note que haverá cisão da ligação dupla com formação de carbonila em cada um dos carbonos que continha a dupla-ligação. Caso esses carbonos contenham hidrogênio, haverá oxidação com formação de uma hidroxila. Assim, o carbono da dupla que for dissubstituído levará à formação de cetona, enquanto o carbono monossubstituído levará à formação de um ácido carboxílico. Por raciocínio semelhante, alquenos terminais levarão à produção de CO2. Nesse caso, a reação pode ser evidenciada por formação de bolhas, devido à presença do gás carbônico.
OBSERVAÇÃO
• Os alquinos também sofrem oxidação enérgica, e o processo é similar ao discutido para os alquenos. No entanto, tem-se agora uma ligação tripla. Dessa forma, haverá produção de ácidos carboxílicos se o carbono da tripla for monossubstituído e de gás carbônico para alquinos terminais.
Ozonólise
Os alquenos também podem ser oxidados pela reação com ozônio. Nesse caso, há formação de compostos instáveis denominados molozonídeo, que se rearranja para formar o ozonídeo. Este, por sua vez, ao ser tratado com zinco e água, forma compostos carbonílicos (aldeídos e / ou cetonas).
Observe que, ao contrário da oxidação enérgica, não há produção de ácido carboxílico, e sim de aldeído ou cetona.

Ainda assim, é possível sintetizar ácidos carboxílicos por ozonólise. Para tal, deve-se adicionar ao sistema um agente oxidante que possibilite a conversão do aldeído em ácido carboxílico. Industrialmente, isso ocorre na produção do ácido láurico (utilizado na produção de detergentes) e do ácido adípico (usado na confecção do náilon). A substância usada é peróxido de hidrogênio na ausência de zinco.
REAÇÕES DE COMBUSTÃO
O termo combustão é usado para designar uma reação rápida de uma substância com oxigênio molecular, acompanhada por emissão de calor e chama visível ou invisível. Substâncias inorgânicas podem ser usadas como combustíveis. Um bom exemplo é o gás hidrogênio. No entanto, neste momento, nossa atenção estará voltada para combustíveis orgânicos, tais como gasolina, querosene, álcool etílico, entre outros.
As reações de combustão podem ser completas ou parciais. Nas primeiras, haverá maior liberação de energia. Na combustão parcial, o produto obtido ainda pode sofrer uma nova reação, liberando quantidade adicional de energia. Observe o diagrama a seguir para a queima do octano – principal constituinte da gasolina.
A combustão dos hidrocarbonetos é bastante comum na vida diária. A gasolina, o gás de cozinha, o gás natural e o diesel são exemplos de misturas cuja maior parte da composição é de hidrocarbonetos. Como estes são formados por carbono e hidrogênio, ao reagirem com oxigênio molecular, também haverá produção de compostos contendo carbono e hidrogênio. O carbono é oxidado a CO2, enquanto o hidrogênio é convertido em H2O.
hidrocarbonetos + O2 → CO2 + H2O
Exemplos de reações completa e incompleta:


Quando a concentração de oxigênio disponível para a combustão não é muito alta, pode haver oxidação parcial do carbono, com formação de monóxido de carbono (CO) ou fuligem (representada simplificadamente por C).
A formação de monóxido de carbono constitui um problema ambiental, pois esse gás é um gás muito tóxico, e a fuligem, embora tenha utilidades industriais, quando dispersa no ar, também constitui um poluente e é cancerígena.
Alguns compostos orgânicos, que também apresentam características de combustíveis, podem ainda conter oxigênio e enxofre.
O etanol, também usado como combustível em veículos automotores, apresenta como produtos de sua combustão completa CO2 e H2O, desde que a reação tenha oxigênio suficiente.
C2H5OH(g) + 3O2(g) → 2CO2(g) + 3H2O(g)
Para compostos contendo enxofre, embora exista a possibilidade de formação de SO3, usualmente o SO2 é formado, o que constitui um problema ambiental.

C2H5SH(g) + 9/2 O2(g) → 2CO2(g) + 3H2O(g) + SO2(g)


Os alcanos, assim como os compostos aromáticos, são razoavelmente estáveis. Ainda assim, participam de diversas reações orgânicas. A pergunta é: como isso ocorre? Os alcanos são compostos saturados, e os compostos aromáticos, embora insaturados, apresentam ressonância, o que dificulta a ruptura das ligações pi (π).

Na realidade, as principais reações de que esses compostos participam são as de substituição, ou seja, processos em que um átomo ou grupo de átomos em uma molécula reagente é substituído por outro. 

Exemplo:


Além de alcanos e compostos aromáticos diversos, outros compostos podem sofrer reações de substituição, como haletos, álcoois, ácidos carboxílicos, entre outros.

Conforme a sequência de etapas que conduz à substituição, esta pode ser classificada em substituição nucleofílica, eletrofílica e via radicalar (radicais livres).



SUBSTITUIÇÃO NUCLEOFÍLICA
As reações de substituição nucleofílica ocorrem a partir de um reagente deficiente de elétrons que será “atacado” por um nucleófilo.
Nucleófilo é uma espécie que apresenta par(es) de elétrons não compartilhado(s), portanto, apresenta afinidade com o centro deficiente em elétrons.
Substituição nucleofílica em haletos de alquila
Essas reações consistem em substituir um haleto de uma molécula orgânica por outro átomo ou grupo de átomos.

Síntese de álcoois
Nesse caso, o grupo de entrada ou nucleófilo é um íon hidróxido.
Síntese de aminas
Nesse caso, o grupo de entrada ou nucleófilo é a amônia ou uma amina.
O método é similar ao discutido no item anterior, no entanto é bastante limitado. A limitação deve-se à frequência com que podem ocorrer alquilações múltiplas. A menos que condições especiais sejam empregadas (por exemplo, excesso de amônia, tal como 1,0 mol de haleto de alquila para 70 mol de amônia), dificilmente se obtêm aminas primárias. Essas aminas reagem novamente com os haletos de alquilas, formando aminas secundárias, que, por sua vez, reagem formando aminas terciárias.

Síntese de éteres
Nesse caso, o grupo de entrada ou nucleófilo é o grupo alcóxido (R—O–). O grupo alcóxido corresponde a um álcool desprotonado. Ele pode ser obtido fazendo-se reagir um álcool com sódio metálico, conforme mostrado a seguir:
R—OH + Na → R—O–Na+ + 1/2H2
O grupo alcóxido reage com um haleto de alquila, produzindo o éter correspondente. Esse processo é denominado método de Williamson e oferece grande variedade de possibilidades, sendo, portanto, muito usado em sínteses. Os haletos de alquila usados são, em geral, primários.
Síntese de haletos de alquila
Nesse caso, o grupo de entrada ou nucleófilo é o grupo haleto.
Substituição nucleofílica em ácidos e derivados de ácidos carboxílicos
A característica central de ácidos e derivados de ácidos carboxílicos que possibilitam a substituição nucleofílica é a presença da carbonila. O carbono da carbonila encontra-se polarizado positivamente, de forma que ele pode sofrer um “ataque” por um nucleófilo.
Nessa situação, a ligação π da dupla se rompe, e o oxigênio, que é bastante eletronegativo, acomoda com relativa facilidade os elétrons da ligação.
Esterificação
Os ácidos carboxílicos reagem com álcoois, formando ésteres. A reação envolve uma desidratação intermolecular e é denominada esterificação.
A reação é catalisada por ácidos fortes, por exemplo, ácido sulfúrico. No entanto, o ácido utilizado catalisa também a reação inversa. Para favorecer a reação direta, usualmente, emprega-se um agente secante em excesso, que remove a água que vai se formando.
Com a utilização do isótopo O18 (radioativo), pode-se descobrir qual reagente eliminará o grupo da hidroxila para a formação da água.
• Eliminação da hidroxila do ácido carboxílico 
Verifica-se esse caminho quando os álcoois reagentes são primários e, raramente, quando são secundários.
* Eliminação da hidroxila do álcool
O mecanismo desse processo envolve a formação de um carbocátion estável. Portanto, verifica-se esse caminho quando os álcoois reagentes são secundários e terciários, pois seus carbocátions são mais estáveis.

Hidrólise básica de ésteres
Um éster pode ser hidrolisado em meio básico, produzindo carboxilato e álcool.
Observe que os sabões são sais de sódio (também podem ser de potássio) de ácidos graxos. Isso possibilita a interação do sabão tanto com a gordura (pela cadeia carbônica) quanto com a água (pelo grupo iônico).

Formação de cloretos de acila
Os cloretos de acila são os derivados mais reativos dos ácidos carboxílicos. Assim, é necessário o uso de reagentes especiais para sintetizá-los. Entre os mais usuais estão PCl3 (tricloreto de fósforo) e PCl5 (pentacloreto de fósforo), que reagem com ácido carboxílico dando bons rendimentos.
Formação de amidas
Os ácidos carboxílicos (ácidos orgânicos) reagem com amônia (base inorgânica) ou aminas (bases orgânicas), formando carboxilatos de amônio.
Em solução aquosa, os carboxilatos de amônio são bastante estáveis, de forma que não ocorre substituição nucleofílica. Porém, se a água for evaporada e o sal aquecido, ocorre desidratação, com consequente formação de amida.
As amidas também podem ser preparadas, fazendo-se reagir cloreto de acila com aminas ou amônia. O método é mais eficiente e, portanto, mais utilizado que o discutido anteriormente, pois o cloreto de acila é mais reativo que o ácido carboxílico.

SUBSTITUIÇÃO ELETROFÍLICA EM COMPOSTOS AROMÁTICOS
Os compostos benzênicos são, usualmente, identificados pela presença de um ciclo de seis carbonos que apresenta deslocalização eletrônica, tal como:
Analisando-se a figura anterior, pode-se observar que o benzeno (e, portanto, seus derivados) apresenta alta densidade eletrônica. Logo, ele constitui um substrato que pode ser facilmente atacado por um eletrófilo, o que justifica o nome substituição eletrofílica aromática.
Eletrófilo é uma espécie que apresenta deficiência de elétrons, seja um cátion ou uma espécie com um orbital vazio, e, portanto, possui afinidade pelo centro rico em elétrons.
As substituições eletrofílicas aromáticas possibilitam a introdução de uma grande variedade de grupos no anel benzênico, o que permite a síntese de diversos produtos importantes na indústria. Essas reações ocorrem em duas etapas: adição eletrofílica e eliminação.

Substituição eletrofílica no benzeno
A fórmula molecular do benzeno é C6H6, o que revela um alto índice de insaturação. De fato, encontram-se três ligações π por anel benzênico, o que o torna susceptível ao ataque eletrofílico (assim como ocorre nos alquenos). No entanto, a deslocalização eletrônica (no anel benzênico são necessários os seis elétrons π) confere estabilidade ao benzeno e aos seus derivados. Por isso, a reação de substituição (ao contrário da adição) nesses compostos é mais facilitada já que possibilita a regeneração dos seis elétrons π.

Reação de Halogenação

Envolve a substituição de um átomo de hidrogênio do anel por um átomo de halogênio da molécula de X2.

Em condições ambiente, o benzeno reage com os halogênios (cloro ou bromo) apenas na presença de ácidos de Lewis, tais como FeCl3, FeBr3 ou AlCl3.

Reação de Nitração

Envolve a substituição de um átomo de hidrogênio do anel por um grupo nitro (NO2) da molécula de HNO3.
Reação de Sulfonação
Envolve a substituição de um átomo de hidrogênio do anel por um grupo sulfono (SO3H) da molécula de H2SO4.
A reação se torna mais rápida caso seja utilizado ácido sulfúrico fumegante, no qual há alta concentração de SO3. Ainda assim, observa-se que todas as etapas estão, na realidade, em equilíbrio.

Reação de Alquilação (Friedel - Crafts)
Envolve a substituição de um átomo de hidrogênio do anel por um grupo alquila da molécula de R—X
Essa reação foi descoberta por um químico francês, Charles Friedel, e por seu colaborador, James Crafts, o que justifica o seu nome. Trata-se de uma reação de grande importância, pois inclui uma série de possibilidades para rotas sintéticas.

Reação de Acilação (Friedel - Crafts)
Envolve a substituição de um átomo de hidrogênio do anel por um grupo acila da molécula de R—CO—X.
Substituição eletrofílica em derivados do benzeno
A presença de grupos substituintes altera a reatividade do anel benzênico frente ao ataque eletrofílico. Alguns grupos aumentam a densidade eletrônica do anel benzênico, portanto aumentam a velocidade da substituição eletrofílica. Tais grupos são denominados ativadores, pois facilitam a entrada de outro grupo substituinte. Outros grupos diminuem a densidade eletrônica do anel benzênico e, consequentemente, diminuem a velocidade da substituição eletrofílica. Tais grupos são denominados desativadores, pois dificultam a entrada de outro grupo substituinte.

Grupos ativadores
Os grupos ativadores orientam as substituições eletrofílicas para as posições orto-para do anel benzênico e são denominados orto-para orientadores ou orto-para dirigentes. Alguns exemplos são: —CH3; —C2H5; —OH; —NH2; —NHR; —OCH3
Para uma melhor compreensão do assunto, é preciso lembrar que
• os grupos alquil são doadores de elétrons, já que aumentam a densidade eletrônica do carbono ao qual se encontram ligados e, consequentemente, do anel benzênico;
• oxigênio, nitrogênio e halogênios apresentam pares de elétrons não ligantes que podem ser “oferecidos” ao anel benzênico, aumentando a sua densidade eletrônica e, consequentemente, facilitando o ataque de um eletrófilo.

Grupos desativadores
Os grupos desativadores orientam as substituições eletrofílicas para as posições meta do anel benzênico e são denominados metaorientadores ou metadirigentes. Alguns exemplos são: —NO2; —CN; —HSO3; —CHO; —COOH
Uma exceção a ser considerada é a dos halogênios (—Cl; —Br), que são grupos desativadores fracos, porém, orto-para orientadores.
Geralmente, os grupos metadirigentes são insaturados ou possuem ligações coordenadas (dativas) e apresentam pares de elétrons p, atraindo elétrons do núcleo aromático. Isso diminui a densidade eletrônica no anel benzênico, o que faz com que a reação fique relativamente mais lenta. Ainda assim, o ataque ocorre preferencialmente na posição meta.
Se em um composto houver, concomitantemente, um grupo orto-para e um metadirigente, a reação acontecerá segundo o radical orto-para dirigente, pois ele é um grupo ativador, enquanto o metadirigente é desativador.
SUBSTITUIÇÃO RADICALAR EM ALCANOS
Até agora, foram estudadas as reações que envolviam cisões heterolíticas de ligações. No entanto, caso a ligação ocorra entre átomos com eletronegatividades iguais ou muito próximas, a cisão da ligação pode ocorrer homoliticamente.
Lembre-se de que, nesses casos, os elétrons envolvidos na ligação se distribuem uniformemente entre os átomos. Assim, a ruptura da ligação leva à formação de duas espécies que apresentam um elétron desemparelhado.
Os alcanos apresentam apenas ligações s. Os átomos ligantes (C—H ou C—C) apresentam eletronegatividades muito próximas, não ocorrendo formação de centros ricos ou deficientes em elétrons. Logo, não há reações de substituição eletrofílica ou nucleofílica. De fato, as reações envolvendo alcanos envolvem ruptura homolítica de ligações, favorecidas na fase gasosa com a presença de luz ou de aquecimento.
Considere como exemplo a reação de metano com cloro:

Essa reação é muito lenta (praticamente não se realiza) na ausência de luz e a frio, mas é muito rápida na presença de luz ultravioleta, mesmo a frio. A figura a seguir representa a sequência de etapas nas quais essa reação ocorre.
A primeira etapa é a iniciação, na qual a molécula de cloro absorve fóton de luz ultravioleta (hn) e se desdobra em átomos de cloro. Essas espécies são muito reativas, pois apresentam um elétron desemparelhado.
Um deles ataca a molécula de metano, ligando-se ao hidrogênio e originando HCl. Isso leva à formação de radicais metila, que são muito reativos. Estes atacam a molécula de Cl2, ligando-se a um dos cloros dessa molécula para formar H3C—Cl. O outro radical cloro fica livre, o que permite a propagação da reação. A finalização da reação ocorre se os radicais metila reagirem com os átomos de cloro livres. 
Considere agora o exemplo a seguir:
Nesse exemplo, há dois tipos de hidrogênio – ligado a carbono primário e ligado a carbono terciário –; portanto, dois produtos seriam possíveis.
No entanto, cerca de 99% do produto formado correspondem ao 2-bromo-2-metilpropano. A explicação para isso é muito similar àquela usada para os carbocátions, pois a estabilidade relativa dos radicais alquila é:
Assim, a estabilidade relativa do radical formado pela cisão homolítica da ligação C —H do carbono terciário é maior em relação àquela do carbono primário, levando ao referido produto principal.